setembro 01, 2006

filósofo do ambiente


Viriato Soromenho-Marques

national geographic - ficheiros secretos

é preciso conhecer e é bom dar a conhecer ... (agp)

Texto de Gonçalo Pereira
e boa (clique nela para ver maior)
Fotografia de Nuno Correia

A filosofia é a janela através da qual olho para as coisas, incluindo a temática ambiental", diz-nos Viriato Soromenho-Marques, consultor de Ambiente da NGM-P, professor de filosofia na Faculdade de Letras de Lisboa e autor de uma vasta bibliografia.
A ideia explica-se com facilidade: o percurso académico deste setubalense cruza-se irresistivelmente com as lutas ambientais que nunca enjeitou e que fazem dele uma referência incontornável da problemática ambiental portuguesa. Em 1977, o actual membro do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável e vice-presidente da Rede Europeia de Conselhos do Ambiente participou nos primeiros fóruns sobre conservação, "num período agitado em que se temia pela segurança do planeta perante o risco de um conflito nuclear". O ambiente não fazia parte da agenda política e só ganhou espaço quando as primeiras organizações não governamentais cresceram como cogumelos. Uma delas foi o Projecto Setúbal Verde (PSV), fundado em 1981 e do qual Viriato Soromenho-Marques foi um dos presidentes. A organização do primeiro Encontro Nacional de Ecologistas, em Tróia, valeu à organização o reconhecimento do seu papel de agente activo nas questões ambientais. Já em 1986, a Secretaria de Estado do Ambiente e dos Recursos Naturais adoptou as recomendações de um estudo de impacte ambiental realizado pelo PSV para o Parque Natural da Arrábida e eliminou as construções clandestinas desta área protegida. Da batalha, ficou o travo saboroso "do êxito de um projecto de militância saudável". Os anos oitenta foram marcados pelo desastre de Chernobyl. "A luta ambiental ganhou importância, e surgiram teses que defendiam a criação de partidos ecológicos." O PSV não se partidarizou, mas tornou-se o núcleo regional da Quercus. Com ironia, Viriato Soromenho-Marques recorda que "o Setúbal Verde tem sido um viveiro de dirigentes da Quercus". A prová-lo, está a sua eleição, em 1992, para a presidência da direcção nacional da Quercus, cargo que ocupou até 1995. Quando lhe perguntam se existe uma consciência ambiental em Portugal, aquiesce com reservas. "Existem índices elevados de preocupação ambiental nos estudos de opinião, o que revela uma atenção crescente. Estaremos já no ponto de não retorno ou ainda podemos inverter a degradação do ecossistema global?"

Publicado na edição de Março de 2002 da NGM - Portugal
Ligação à notícia original